Porque Jailson e Evelina na Reitoria:

Em primeiro lugar, quero firmar – e reiterarei sempre – que as declarações prévias de adesão, numa eleição para reitor da Universidade, só são legítimas ou justificáveis como contribuição ao debate político-acadêmico e à construção coletiva de uma gestão.

Avalio que o saldo do reitorado atual – tanto o saldo negativo, do que foi preterido ou que não obteve sucesso, quanto o saldo positivo, do que foi criado e instituído – constitui um enorme desafio para os próximos quatro anos: recompor e reforçar o tecido da participação e do compromisso de todos e de todas as instâncias nas decisões universitárias. Um tecido peculiar, que deve ter a rarefação necessária para, por um lado, não abafar a diversidade de pontos de vistas e de forças que compõem a comunidade universitária; por outro, a rarefação indispensável para permitir o fluxo constante entre a Universidade e o seu entorno social. Ao mesmo tempo, um tecido com fios resistentes o suficiente para constituir-se em atividade e eficácia, na construção de uma alternativa viável de universidade, em nossos dias.

Assim leio o convite à requalificação da UFBA que nos fazem Jailson Andrade e Evelina Hoisel, para além dos investimentos materiais e imateriais que urgem, para além da excelência acadêmica em todos os níveis, que está a requerer atenção institucional.

Aceito o convite principalmente por constatar que a afinidade entre ambos, entre percursos e formações tão diversos, está na disposição comum para experimentar e explicitar um tipo especial de incerteza – que não se confunde com fragilidade intelectual, com a tibieza da vontade ou com temor da responsabilidade. Trata-se da incerteza no seu sentido maior e indispensável, que ensina a ouvir, a ponderar e a compartilhar amplamente as decisões. Uma forma nobre de incerteza, que impede o autoritarismo no exercício da autoridade e é condição indispensável para a convivência e a construção democráticas.

Eneida Leal
Instituto de Letras

 

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