Razões do meu apoio a Jailson e Evelina.

Começo por Evelina. Há mais de 25 anos, acompanho com atenção a trajetória profissional, intelectual e humana dessa professora de quem fui monitora, aluna e com quem trabalho no Instituto de Letras, ensinando as mesmas disciplinas. Resulta, da minha proximidade e da minha observação, a certeza de que Evelina agrega, a uma capacidade gestora que só fez crescer, ao longo do segundo mandato em que dirigiu o Instituto, adesão a valores, equilíbrio interior, firmeza de convicções e sensibilidade. Reunidos, esses traços formam um perfil compatível com o desafio que a minha colega e amiga aceitou enfrentar.

Com Jailson, convivo há menos tempo, mas é tempo bastante para que eu reconheça o seu compromisso com a Ciência e a sua paixão pela UFBa. Em poucas palavras, posso dizer da minha expectativa de que, em sua gestão, a Universidade Federal da Bahia fale em voz própria. Explico-me a seguir.

Nos últimos tempos, ultrapassamos um longo período em que a Universidade brasileira (e particularmente a Ufba, por questões locais), protegendo-se de governos ditatoriais, oscilou entre a contestação mais franca e o insulamento. Ambicionando distanciar-se dos que exerciam o autoritarismo, a voz acadêmica era predominantemente contestatória em relação ao poder central, simpática a instâncias marginais, quando não falava em surdina ou chegava à mudez. Na praça, soava um forçado silêncio. Hoje, o contexto é outro, como também são outros os riscos. Há um coro de vozes cantando na praça pública. Nesse vasto coral em que a Ufba sempre estará inserida, alguns grupos manifestam-se aos gritos, querendo impor aos demais a sua melodia, querendo abafar os tons alheios para então obter monotonia insalubre. Pensando que a Universidade não tem a desafinação como destino, também não aceito que a sua voz perca identidade, diluindo-se num pobre uníssono. Neste momento, cabe à Ufba renovar os seus tons e as suas práticas, não lhe cabendo deles abdicar. Dialogando com todas as vozes que estão cantando na praça pública, a Universidade deve tornar audíveis os discursos diversos que ela própria produz. Julgo ser essa a maneira da instituição melhor servir à sociedade: produzir uma voz lastreada em pensamentos atentos e autônomos e assim colaborar, para que a polifonia social seja mantida.

Identifico em Jailson Andrade vontade de fazer ecoar uma voz acadêmica; soa forte, o seu compromisso com o conhecimento. Foi por isso que o escolhi para reger os setores que ocupamos no coral e ser maestro na nossa orquestra. Quanto à partitura, tenho esperança de que seja escrita a cada dia por todos os que atuam nesta Universidade.

E agora volto a Evelina, o meu ponto de partida. Evelina tem raros dons: habilidade necessária para conquistar, generosidade essencial para reconquistar.

Mirella Márcia Longo Vieira Lima
Professora Adjunta do Instituto de Letras

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