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MUDAR É PRECISO

Antes de tudo, porque a Universidade deve funcionar para a sociedade como uma usina de reflexão crítica. Diferindo da oposição demolidora, a crítica efetiva-se, quando a Universidade submete, ao crivo da sua própria heterogeneidade, idéias que circulam no campo social. Muito particularmente, devem ser objetos da análise e da crítica universitárias, políticas que planejem o seu próprio destino. Nesse sentido, não se pode pensar que a Universidade aceite, sem discussão entre as suas múltiplas tendências, rumos que para ela são traçados. Vinculadas a órgãos governamentais, como o MEC, cuja ação dá-se em articulação com uma política de governo, as Universidades Federais devem produzir - em conjunto, e considerando cada uma delas as suas especificidades - análises dessas políticas, especialmente daquelas que interferem nas suas constituições e formas de atuação social. Tais processos de avaliação crítica enriquecem os governos democráticos e estão inscritos em seus horizontes de expectativas como preciosa e desejada colaboração. Quando o exercício da crítica responsável não baliza as instâncias que representam uma Universidade - e aqui nos referimos particularmente aos seus dirigentes - é porque essas instâncias distanciaram-se dos fundamentos da vida universitária: análise e reflexão.

A recente adoção, sem satisfatória reflexão crítica, de um modelo que fragmenta a UFBA em campi espalhados por toda a Bahia constitui sintoma de perigosa osmose entre órgãos governamentais e Universidade. Carente de docentes e de pessoal técnico administrativo, tendo os seus espaços físicos em estado de deterioração e a maioria dos seus cursos sem infra-estrutura adequada, a UFBA não poderia, nesse momento, atirar-se num expansionismo tanto mais aventureiro, quanto mais deficitárias são as condições da sede que deverá fornecer suporte aos campi que foram criados. A comunidade acadêmica da UFBA não encontra evidência do que foi feito para melhorar as condições da Universidade e preparar essa expansão, tornando-a finalmente possível. Docentes e Funcionários não foram beneficiados com ações que visassem à melhoria das suas condições de trabalho; os estudantes nada obtiveram a favor da modernização dos seus cursos nem tiveram alteradas as condições do precário sistema de assistência estudantil.

Implementada, a ação que instituiu os novos campi expõe com clareza a existência de recursos que poderiam ter sido direcionados à revitalização e ao melhoramento da UFBA e estão tendo outro destino, em face de uma opção política. Problemática, se examinada sob uma perspectiva que tenha em foco a nossa Universidade, essa opção não parece ter sido criticada pelos seus gestores.

A adoção passiva de modelo concebido em território externo à academia pode ser, no entanto, a face aparente de um problema com dimensões profundas. Referimo-nos a um posicionamento que termina por converter a Universidade em instrumento para implementação de ações políticas. Sem querer questionar fins visados por essas ações, estamos propondo que a comunidade acadêmica discuta essa conversão da Universidade em meio. Afinal, causando prejuízos imediatos à UFBA, o processo terminará, em médio prazo, a alcançar de modo negativo todo um corpo social.